sexta-feira, 26 de julho de 2013

RESENHA CRÍTICA CHOPÍN


            Fryderyk Franciscizek ou Frédéric François: Chopin era metade polonês e metade francês, um gênio do Romantismo. Criança prodígio, patriota exilado pela prepotência que esmagou o sonho de sua Polônia. |Teve uma infância culta e aos seis anos passou a ter um professor de piano, Adalbert Zwini, que lhe apresentou as obras de Bach e Mozart. Seu primeiro concerto público ocorreu quando tinha oito anos. Na mesma época, viu publicada sua primeira obra: uma polonaise. Prosseguiu conciliando os estudos no Liceu de Varsóvia com as aulas de piano.  Em 1825, apresentou-se para o czar Alexandre I e no ano seguinte ingressou no Conservatório de Varsóvia, onde iniciou seus estudos com o compositor Joseph Elsner. O prodígio foi destacado nos jornais de Varsóvia, tornando-se uma atração nos salões da aristocracia da capital. Também começou a dar concertos públicos para a caridade. Diz-se que uma vez lhe perguntaram sobre o que pensava que a plateia mais gostava nele; o garoto de sete anos de idade replicou: “a gola da minha camisa”. Isso nos leva a questionar o quanto pode desfrutar de sua infância, pois apesar de sua paixão pela música, era exigido muito dele em relação aos estudos.
            A posição de Chopin na história da música é paradoxal. Artista de natureza aristocrática, que executava sua música em auditórios seletos, com raras aparições diante do grande público, criou uma obra estrita e de nuances delicada, além de conquistar enorme audiência popular. Após sua morte, seu amigo Franz Liszt presumiu que no futuro teria reconhecimento menos fútil por sua arte que os contemporâneos. Segundo Manzado, a obra de Chopin provocou mal-entendidos persistentes: a extrema facilidade melódica de algumas peças superou, no julgamento mais geral, a complexidade melódica e harmônica de outras menos divulgadas. Sendo assim, pode-se falar na existência de duas formas em Chopin: o do grande público, romântico em que obra se confunde com biografia sentimental, e o dos músicos, autor de composições extraordinárias. A primeira singularidade de Chopin é o caráter quase atemporal de sua obra. Há nela, certamente, muitas influências locais como: música polonesa, folclore de sua terra, históricas, entre outras. Porém, não se pode falar, propriamente, numa evolução por etapas. Chopin desconhece os grandes gêneros instrumentais, sendo, regra geral, compositor de peças breves. Suas obras são essencialmente pianística. Entre suas primeiras realizações estão dois Concertos para piano e orquestra: um em fá menor e outro em si menor. Compôs mais tarde, 17 Lieder poloneses, sobre temas folclóricos de sua terra natal. Compreendendo que a sua imaginação poética só necessitava de um único meio de expressão para se expandir, Chopin criou um estilo peculiar para piano, com oscilações rítmicas nervosas. Em sua obra para piano solo existem peças de difusa fantasia poética, vibração passional, exercícios de desafio à técnica pianística e até mesmo, mero virtuosismo, que se deve talvez à influência de seu próprio virtuosismo no teclado em algumas.  Entre as coleções de peças breves de Chopin destacam-se Opus 10 (1833), Opus 25 (1836). Trata-se de peças, com o propósito definido de resolver problemas técnicos no teclado. Outra coleção valiosa são os Préludes: mais breves, mais esboçados, embora alguns sejam tão elaborados quanto os estudos. Dos Nocturnes há diversas coleções: Opus 9, 15, 27, 48 e 62. Peças, muito menos definidas. Entre as peças de caráter nacionalista estão as mazurkas e as polonaises, entre as quais se destaca a Polonaise Militaire Opus 40. As características nacionais estão associadas ao fato de na época, a Polônia não constituir um estado. São obras de ritmos eslavos, embora afrancesados. As ballades são mais íntimas. Também podemos citar quatro obras escritas entre 1830 e 1843, das quais a última, de nº4 em fá menor está entre as maiores obras de Chopin. Novamente quatro são os scherzi, nos quais nada transparece do romantismo melancólico: são peças de elaboração difícil, que exigem muito de seus intérpretes.    
            Para concluir é preciso citar Barcarole em Fá Sustenido maior, que pode ser considerada como o maior dos noturnos de Chopin, e a Grande Fantasia em fá menor. Alguns a consideram sua obra-prima, concorrendo somente com  a sonata em si bemol menor, que inclui a Marche Fúnebre. Peças únicas, numa obra breve e singular, que muito contribuíram para o enriquecimento da linguagem musical e técnica pianística.

REFERÊNCIA
MANZADO, Thais Redegheri: A História dos Gênios da Música – Chopin. Nova Cultural: 1988 São Paulo


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