Fryderyk
Franciscizek ou Frédéric François: Chopin era metade polonês e metade francês,
um gênio do Romantismo. Criança prodígio, patriota exilado pela prepotência que
esmagou o sonho de sua Polônia. |Teve uma infância culta e aos seis anos passou
a ter um professor de piano, Adalbert Zwini, que lhe apresentou as obras de
Bach e Mozart. Seu primeiro concerto público ocorreu quando tinha oito anos. Na
mesma época, viu publicada sua primeira obra: uma polonaise. Prosseguiu
conciliando os estudos no Liceu de Varsóvia com as aulas de piano. Em 1825, apresentou-se para o czar Alexandre
I e no ano seguinte ingressou no Conservatório de Varsóvia, onde iniciou seus
estudos com o compositor Joseph Elsner. O prodígio foi destacado nos jornais de
Varsóvia, tornando-se uma atração nos salões da aristocracia da capital. Também
começou a dar concertos públicos para a caridade. Diz-se que uma vez lhe
perguntaram sobre o que pensava que a plateia mais gostava nele; o garoto de sete
anos de idade replicou: “a gola da minha camisa”. Isso nos leva a questionar o
quanto pode desfrutar de sua infância, pois apesar de sua paixão pela música,
era exigido muito dele em relação aos estudos.
A
posição de Chopin na história da música é paradoxal. Artista de natureza aristocrática,
que executava sua música em auditórios seletos, com raras aparições diante do
grande público, criou uma obra estrita e de nuances delicada, além de
conquistar enorme audiência popular. Após sua morte, seu amigo Franz Liszt
presumiu que no futuro teria reconhecimento menos fútil por sua arte que os
contemporâneos. Segundo Manzado, a obra de Chopin provocou mal-entendidos persistentes:
a extrema facilidade melódica de algumas peças superou, no julgamento mais
geral, a complexidade melódica e harmônica de outras menos divulgadas. Sendo
assim, pode-se falar na existência de duas formas em Chopin: o do grande
público, romântico em que obra se confunde com biografia sentimental, e o dos
músicos, autor de composições extraordinárias. A primeira singularidade de
Chopin é o caráter quase atemporal de sua obra. Há nela, certamente, muitas
influências locais como: música polonesa, folclore de sua terra, históricas,
entre outras. Porém, não se pode falar, propriamente, numa evolução por etapas.
Chopin desconhece os grandes gêneros instrumentais, sendo, regra geral,
compositor de peças breves. Suas obras são essencialmente pianística. Entre
suas primeiras realizações estão dois Concertos para piano e orquestra: um em
fá menor e outro em si menor. Compôs mais tarde, 17 Lieder poloneses, sobre
temas folclóricos de sua terra natal. Compreendendo que a sua imaginação
poética só necessitava de um único meio de expressão para se expandir, Chopin
criou um estilo peculiar para piano, com oscilações rítmicas nervosas. Em sua
obra para piano solo existem peças de difusa fantasia poética, vibração
passional, exercícios de desafio à técnica pianística e até mesmo, mero
virtuosismo, que se deve talvez à influência de seu próprio virtuosismo no teclado
em algumas. Entre as coleções de peças
breves de Chopin destacam-se Opus 10 (1833), Opus 25 (1836). Trata-se de peças,
com o propósito definido de resolver problemas técnicos no teclado. Outra
coleção valiosa são os Préludes: mais breves, mais esboçados, embora alguns
sejam tão elaborados quanto os estudos. Dos Nocturnes há diversas coleções:
Opus 9, 15, 27, 48 e 62. Peças, muito menos definidas. Entre as peças de caráter
nacionalista estão as mazurkas e as polonaises, entre as quais se destaca a Polonaise
Militaire Opus 40. As características nacionais estão associadas ao fato de na
época, a Polônia não constituir um estado. São obras de ritmos eslavos, embora
afrancesados. As ballades são mais íntimas. Também podemos citar quatro obras
escritas entre 1830 e 1843, das quais a última, de nº4 em fá menor está entre
as maiores obras de Chopin. Novamente quatro são os scherzi, nos quais nada
transparece do romantismo melancólico: são peças de elaboração difícil, que exigem
muito de seus intérpretes.
Para
concluir é preciso citar Barcarole em Fá Sustenido maior, que pode ser
considerada como o maior dos noturnos de Chopin, e a Grande Fantasia em fá
menor. Alguns a consideram sua obra-prima, concorrendo somente com a sonata em si bemol menor, que inclui a
Marche Fúnebre. Peças únicas, numa obra breve e singular, que muito
contribuíram para o enriquecimento da linguagem musical e técnica pianística.
REFERÊNCIA
MANZADO, Thais Redegheri: A História dos Gênios da Música – Chopin. Nova Cultural: 1988 São
Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário