Fins do Século XVII: Música orquestral
Distinção entre:
•Música de Câmara;
Cada instrumento executa uma parte;
Pequeno conjunto;
•Música orquestral
Vários instrumentos executando uma parte;
Conjunto maior;
•Teatros de óperas com orquestras próprias;
Mais famoso: Teatro de Ópera de Paris;
Fins do Século XVII: Música orquestral
Distinção entre:
•Concerto orquestral:
Concerto Ripieno ou Concerto a 4 (vozes)
Destaque para o 1º violino e linha do baixo;
•Concerto Grosso:
Conjunto grande em oposição a pequeno conjunto;
•Concerto Solista:
Conjunto em oposição a instrumento solista;
Século XVIII: As Luzes
Distinção entre:
•“A música é uma dádiva de Deus para ser usada apenas em Sua Honra” (Andreas Werckmeister, 1680);
•“A música é um luxo inocente e, em boa verdade, desnecessária à nossa existência, embora seja grandemente proveitosa e agradável ao sentido do ouvido” (Charles Bourney, 1776);
•Contradição entre as duas concepções:
Revela a influência do Iluminismo ao longo do século XVIII
Século XVIII: As Luzes
Iluminismo:
•Movimento complexo de ideias caracterizado por uma revolta do espírito humano;
-CONTRA: - PRÓ
-Igreja e Religião sobrenatural - Moral prática e natural
-Metafísica - Senso comum (empirismo)
-Formalismo - Naturalidade
-Autoridade - Liberdade
-Privilégios - Igualdade direitos (Educação)
Século XVIII: As Luzes
Iluminismo:
•Caracterizado por atmosfera secular empírica (baseada na prática da experiência não escrita) cética, prática, liberal, igualitária e progressista;
Filósofos iluministas: John Locke (1632-1704) - David Hume (1711-1776) – Claude Montesquieu (1689-1755) – Voltaire (1694-1778) – Jean Jacques Rousseau (1712-1778)
Rousseau - Responsável pelo Dicionário de Música
Natureza e instintos (sentimentos) eram a fonte de verdadeiro conhecimento e ação justa
Século XVIII: As Luzes
Características:
•Crença no conhecimento experimental aplicado;
•Crença no valor dos sentimentos naturais (comuns a todos os homens)
Indivíduo – ponto de partida da investigação e como critério último da ação e investigação humana;
•Religião, ciência, filosofia, artes, ordem social;
Avaliados em função da maneira como contribuíam ou não ao bem estar do indivíduo;
Século XVIII: As Luzes
Características:
•Utilitarismo;
A maior felicidade para o maior número - fórmula ética ideal
•Perfectividade do homem
Desenvolvimento harmonioso de capacidades inatas do indivíduo;
•Crítica das desigualdades - indivíduos comuns X classes privilegiadas
Séc. XVIII – Filósofos influenciavam diretamente a vida;
Crescente difusão da filosofia do sentimento de glorificação do homem natural – Coincidiu com a ascensão da CLASSE MÉDIA
Características da vida no século XVIII:
•1 – Época “Cosmopolita”
Diferenças nacionais – minimizadas;
Música – tendência à internacionalização;
•2 – Época humanitária
Programas de reformas sociais;
Governantes protegendo as artes e as letras;
•3 – Popularização do Ensino e das artes
Diminuição do mecenato e crescimento do concerto público;
Ascensão da classe média – popularização da arte e do ensino;
Tratados e enciclopédias – cultura ao alcance de todos;
Edição de músicas para público amador – simplificação;
Características da vida no século XVIII:
•4 – Valorização da prosa
Romances e peças teatrais – Retratando as emoções sentimentos das pessoas comuns;
Música – devia imitar os sons da fala - naturalidade;
VÍDEO 9ª SINFONIA BEETHOVEN
•Beethoven compôs este texto em 1823, inspirado no poema "Ode à Alegria", de Friedrich Schiller (1759-1805), escrito em 1785. Expressa uma visão idealista da raça humana como irmandade, visão esta claramente humanista no contexto iluminista do século XVIII;
Música no contexto iluminista
•Música – Arte de cativar através da sucessão e combinação de sons agradáveis;
Devia ir ao encontro do ouvinte, e não obrigá-lo a fazer um esforço para compreender sua estrutura;
Devia cativar e comover, mas não surpreender em demasia, e ainda menos causar perplexidade (pelo excesso de complexidade);
Devia evitar as complexidades contrapontísticas que só alguns eleitos seriam capazes de apreciar;
Composição musical – Arte de inventar melodias e de as acompanhar com harmonias apropriadas
Cantar duas melodias ao mesmo tempo é como fazer dois discursos ao mesmo tempo para ser mais convincente
Música na segunda metade do séc. XVIII
•Conceito de música ideal:
1 - Linguagem deve ser universal;
Não limitada pelas barreiras nacionais;
2 - Deve ser nobre e agradável;
3 - Expressiva, dentro dos limites do decoro;
4 - Natural
Despojada de complexidade técnicas inúteis e capaz de cativar imediatamente qualquer ouvinte de sensibilidade mediana;
Esta fórmula – resumo dos objetivos gerais que nortearam o espírito dos compositores e do público das últimas três décadas do século XVIII
Novas concepções de melodia e harmonia
•1 - Melodia
Abandono da ideia de afeto ou emoção fundamental
Criação de contrastes entre as várias partes do andamento ou mesmo dentro do próprio tema
Estruturação periódica
Melodias articulando-se em frases distintas, regra geral de dois ou quatro compassos, em contrapartida ao desenvolvimento melódico em forma contínua do Barroco;
Caracterização da melodia
Podia consistir simplesmente de figuração acórdica, eventualmente ornamentadas por nota de passagem, grupetos, appoggiaturas, etc.
Coloridos obtidos por meio do modo Maior – menor;
Novas concepções de melodia e harmonia
•2 - Harmonia
Baseada no tratado teórico do francês J. P. Rameau (1683-1764)
Tratado de Harmonia (1722)
“Estabelecimento” da tríade maior
Resultante da divisão da corda em 2, 3 e 4 ou 5 partes iguais;
Seguindo os padrões de naturalidade vigentes do período;
Construção de acordes, em intervalos de 3ª, dentro de uma 8ª, alargando a tríade até a 7ª;
Acordes de Tônica (1º Grau), Subdominante (4º Grau) e Dominante (5º Grau)
Pilares da TONALIDADE;
Formulando a noção de Harmonia Funcional;
Novas concepções de melodia e harmonia
•2 - Harmonia
TONALIDADE
Uma forma de sistematização da Harmonia
Harmonia Funcional X Harmonia Triádica (G. Zarlino, 1558 Le Institutioni Harmoniche)
Harmonia Funcional – Função de sustentação da melodia;
Hierarquização dos acordes, e toda a música se baseia nesta hierarquização
Harmonia Triádica – Ideia de verticalidade das vozes;
Intrínseca relação com o contraponto e com os modos eclesiásticos;
Harmonia Funcional de Rameau (1722)
Nova forma de pensar a estruturação musical, ideal para a burguesia;
Que não conhecia música (complexidades técnicas e auditivas);
Precisava e ambicionava por uma música mais simples
Novas concepções de melodia e harmonia
•2 - Harmonia
Harmonia Sequencial e Progressiva de Zarlino (1558)
Sequencial – das células rítmico melódicas;
Dão a sensação de melodia (por meio da progressão do movimento);
Ideia de Pulsão (mais rico harmonicamente e mais pobre melodicamente);
Não há eixo centralizador – sensação de contração e distensão;
Presente em todo o Barroco (Séc. XVII)
Tríade – Relação matemática, três notas;
Acorde – Tríade com função hierarquizada/hierarquizante;
Função de sustentação da melodia;
Porque a burguesia só conseguia cantar e distinguir uma melodia;
VÍDEO – Brandenburg Concert 3 – 1º Movimento (J. S. Bach)
Novas concepções de melodia e harmonia
•2 - Harmonia
Ritmo harmônico
Mais lento que o antigo
Harmonia mais “pesada”.
Estruturação
Atividade fervilhante da melodias se desenvolve sobre uma harmonia relativamente lenta e convencional;
Harmonia e linha do baixo reduzidos a acompanhamento
Síntese desta prática – Música para teclas - Baixo de Alberti (Domenico Alberti 1710-1740).
Quebra do acorde em sucessão de arpejos das notas contidas na tríade
Utilizado por todos os compositores clássicos (1ª Escola de Viena – Mozart, Haydn e Beethoven)
VÍDEO – Alberti Bass - Aula
Principais estilos de música instrumental
1 - Sonata;
Mais importante estrutura musical do período clássico até o século XX. Segue o princípio do material exposto pela primeira vez numa tonalidade complementar seja reexposto na tonalidade original.
A primeira seção, EXPOSIÇÃO, divide-se em um primeiro grupo, na tônica, e após um material de transição, um segundo grupo, em outra tonalidade (habitualmente a dominante), normalmente com uma codeta para concluir perfeitamente a seção.
A segunda parte da estrutura compreende as duas seções remanescentes, o DESENVOLVIMENTO e a RECAPITULAÇÃO. O primeiro desenvolve o material da exposição numa variedade de modos, progredindo por várias tonalidades (ideia de instabilidade tonal, tensão rítmica e melódica). A recapitulação reexpõe os temas da exposição, habitualmente na mesma ordem, e o segundo grupo é ouvido agora na tônica.
VIDEO a forma sonata – W. A. Mozart;
Principais estilos de música instrumental
2 - Sinfonia;
1 – Termo usado a partir do Renascimento para designar vários tipos de peça (geralmente instrumentais). Em torno de 1700, utilizava-se o termo sonata ou sinfonia para peças instrumentais; Durante o século XVIII passou cada vez mais a designar a sinfonia de concerto, para distingui-la da Ouverture italiana;
2 – Obra orquestral de grandes dimensões, geralmente em três ou quatro movimentos (Rápido – Lento – Rápido em ritmo de dança). É tradicionalmente considerada a principal forma de composição orquestral.
VIDEO Sinfonia – J. S. Bach – Cantata KV 29;
VÍDEO Sinfonia no 1 – W. A. Mozart (1764)
Principais estilos de música instrumental
3 – Música de Câmara;
Relevo no final do século XVIII
Quartetos de corda
Firmados na época de Haydn, porém localizável em compositores antecessores como L. Bocherinni (1743-1805) e F. X. Ricther (1709-1789)
4 – Concerto
Termo frequentemente aplicado no século XVII à música para conjunto de vozes e de instrumentos; desde então costuma indicar uma obra em que um instrumento solista (ou grupo de instrumentos solista) contrasta com um conjunto orquestral;
VIDEO Clarinet Concert in A Major – W. A. Mozart;
Música Vocal
Ópera, canção e música sacra:
•Na ópera, ocorreu o mesmo que a sonata e sinfonia;
Novos gêneros que foram surgindo a partir de modelos antigos, sendo suplantados nas primeiras décadas do século XVIII;
França – Tragédia lírica (tragédie lyrique) (Lully) resistiu às mudanças
Alemanha – Estilo global da ópera veneziana (levada por Schütz e sucessores) sobreviveu;
Itália – novos ares de mudança; fruto das mesmas forças que remodelaram todos os gêneros da música do período – ILUMINISMO
Nova ópera pretendia ser: Clara, simples, racional, fiel à natureza, universalmente cativante e capaz de agradar o público sem lhe causar fadiga mental desnecessária;
Ópera séria italiana (metade do século XVIII):
•Fórmula literária – Poeta italiano Pietro Metastasio (1689-1782);
Musicalizada pela maioria dos compositores do séc. XVIII;
Abordam um conflito das paixões humanas, baseado em relato de autor da antiguidade grega ou latina;
Elenco habitual: dois pares de namorados e fig. Secundárias;
Desenrolar da ação
Introdução variada de cenas: pastoris, guerreiras, cerimônias solenes;
Resolução do drama: ato de heroísmo ou renúncia de uma personagem;
Óperas divididas em 3 atos: estruturados em árias e recitativos;
Função da orquestra: acompanhamento do canto;
Interesse musical da ópera séria italiana – árias;
Reforma da Ópera séria italiana
•Ópera deveria ser mais flexível na estrutura;
Abandono da rigidez na sucessão recitativo-ária;
Mais expressiva no conteúdo – temáticas mais próximas do cotidiano – abandono da temática greco-romana;
Melodias mais cantáveis – Importante que o homem comum pudesse memorizar facilmente a melodia
Mais variedade na utilização dos recursos musicais (orquestra e coros)
Resultados;
Ária da capo modificada; maior flexibilidade entre recitativos e árias (maior rapidez e realismo); maior importância à orquestra; reutilização de corais; maior controle do compositor (cantores);
Reforma da Ópera séria italiana
•Principal personalidade do mov. Reformador - Cristoph W. Gluck (1714-1787);
Síntese entre a ópera francesa e italiana – estilo operístico internacional;
Guerre des bouffons (1752) – Presença da ópera cômica;
Discussão intelectual, uma oposição crítica e estética em relação à ópera francesa;
Estopim: Presença de uma companhia de ópera italiana, que interpretou simultaneamente a obra de Gluck Iphigénie em Aulide, e uma ópera buffa de G. B. Pergolesi (1710-1736) LA SERVA PADRONA (1733);
Opiniões pró ópera italiana (rainha) – pró ópera francesa (rei);
Caminho aberto para repensar a ópera: ÓPERA CÔMICA
Ópera Cômica
•Estilo mais ligeiro que a ópera séria;
Episódios e personagens do cotidiano;
Adotou características específicas em diferentes países, em revolta ao predomínio da ópera séria;
Itália – Ópera buffa; França – Opéra Comique;
Inglaterra – Ballad opera; Alemanha – Singspiel e o Lied;
Libreto era escrito em língua nacional; Música acentuava as características musicais de cada país;
Encenada com recursos mais modestos;
VÍDEO – La serva Padrona – Pergolesi (1733) – 40:00
Relevância histórica:
1 – Respondeu à exigência universal do conceito de naturalidade
2 – Primeiro grande porta-voz do movimento do Nacionalismo Musical, típico do período Romântico do século XIX;
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