sábado, 23 de março de 2013

APERFEIÇOAMENTO DA GRAFIA MUSICAL

A música é uma antiga sabedoria coletiva, cuja longa história se confunde com a sabedoria humana. Ao considerarmos seus elementos formais, som e ritmo, percebemos que esses fazem parte do universo, sobretudo da estrutura humana. O homem pré-histórico descobriu sons que o cercavam no ambiente, aprendendo a distinguir características como a canção das ondas se quebrando na praia, tempestade se aproximando e vozes dos vários animais selvagens. Então, encantou-se com seu próprio instrumento musical: a voz.
Segundo o dicionário Aurélio, grafia significa Representação escrita de uma palavra. Sendo assim, grafia musical, nada mais é do que o código/ representação de escrita utilizado para simbolizar graficamente uma peça musical, permitindo a um intérprete executá-la da forma desejada pelo compositor ou arranjador. Ela teve seu início com a escrita musical, sendo específica e universal, possibilitando compreender qualquer música em qualquer língua, pois a linguagem musical é única. Geralmente usa-se o nome genérico para isso: notação musical. Os sistemas de notação musical existem há milhares de anos. Já o moderno teve suas origens com as neumas, símbolos que representavam notas musicais em peças vocais do canto gregoriano, no do século VIII. Essa forma de sinais representava um grupo de sons que seguiam o contorno melódico da voz. Os quatro neumas fundamentais eram: punctum, virga, clivis e podatus. Eles Sendo pontos e traços que representavam intervalos e regras de expressão, eram posicionadas sobre as sílabas do texto e serviam como um lembrete da forma de execução para os que já conheciam a música. Porém este sistema não permitia que pessoas que nunca a tivessem ouvido pudessem cantá-la, pois não era possível representar com precisão as alturas e durações das notas. Esse sistema foi utilizado até o século X, quando Hucbald, monge de Flandres, teve a ideia de anotar símbolos em uma pauta. Em vista disso, esses símbolos passaram a representar as notas musicais em peças vocais do canto gregoriano, na Idade Média, evoluindo até uma pauta de quatro linhas, com o emprego de claves, permitindo alterar extensão das alturas representadas. Inicialmente o sistema não continha símbolos de durações das notas, pois eram facilmente deduzidas pelo texto a ser cantado.
Grande parte do desenvolvimento da notação musical procede do trabalho de Guido d'Arezzo, monge beneditino. Uma delas foi o desenvolvimento da notação absoluta das alturas, onde cada nota ocupa uma posição na pauta. Também idealizou o solfejo, sistema de ensino musical, que permite ao estudante cantar os nomes das notas conhecidas atualmente:

Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá e Si. Os nomes foram extraídos das sílabas iniciais de um hino a são João Batista, chamado Ut queant laxis. Como Guido d'Arezzo utilizou o italiano em seu tratado, seus termos se popularizaram sendo essa a principal razão para que a notação moderna utilize termos em italiano.
A Idade Média se caracteriza pelo grande acervo de manuscritos dos monges. Os exemplos de maior importância históricas são as coletâneas de cantos goliardos, Carmina Burana, encontrado na abadia de Bura Sancliti, na Bavária e Llibre Vermell, ou seja, livro vermelho de Montserrat, em catalão, escritos em latim, germânico e francês antigo, entre os séculos XII e XIII. No período da Renascença, os compositores desejavam escrever música secular sem se preocupar com os métodos da Igreja. Sentiam-se atraídos pelas possibilidades da escrita polifônica, onde cada voz podia ter sua própria linha melódica. A escrita polifônica fornecia oportunidades técnicas para efeitos de grande brilho, que eram impossíveis até então. Uma forma secular de composição, o madrigal, surgiu no século XIV, na Itália. Essa era escrita pelos compositores em sua própria língua, não no latim. Na Itália, Giovanni Palestrina, criou o mais importante sistema de escrita polifônica que antecedeu a Bach. Durante a Renascença, a música inglesa atingiu o apogeu, surgiram grandes compositores madrigalistas ingleses que musicavam a poesia da época. O movimento musical que denominamos barroco tem sua origem na Itália, no final do século XVI, e posteriormente se expandiu pelo restante da Europa. É certamente uma das épocas musicais de maior extensão, onde as características mais importantes são o uso do baixo contínuo, do contraponto e da harmonia tonal, em oposição aos modos gregorianos até então vigente. Na realidade, trata-se do aproveitamento de dois modos: o modo jônico, ou modo maior, e o modo eólio, ou modo menor.
No fim do séc. XIX, a notação tradicional foi se tornando gradativamente ineficaz para grafar o pensamento musical, cuja evolução se operou a partir de 1950 em velocidade vertiginosa. Entre as práticas musicais na música erudita contemporânea a partir desta época, podem-se citar o serialismo, a música aleatória e a música eletrônica. Independente da época ou forma, e apesar do advento dos meios eletrônicos como gravação, rádio transmissão, disco, etc., a notação musical sempre foi um método muito eficiente para registrar, ensinar, propagar e perpetuar a música. Escrever partituras não requer somente o aprendizado dos símbolos, mas também um árduo treino de caligrafia para que estes sejam facilmente legíveis à primeira vista. Devido a esta necessidade, nasceu o copista, especialista que transforma rabiscos geralmente indecifráveis do arranjador ou do compositor, em notação musical, por intermédio de ferramentas quase em extinção: papel, caneta e borracha.
Ao relacionar esse conteúdo com a Educação Infantil, é necessário certo cuidado, adaptando-o a faixa etária da turma. Embora a leitura e escrita musicais tradicionais não serem conteúdos próprios da etapa da educação infantil, o conceito de registro de um som pode começar a ser trabalhado com crianças de três anos, desde que em situações significativas de interação e apropriação dos sons e de construção de sentidos. Desenhar o som pode vir a ser um primeiro modo de notação. Partindo desse registro gráfico, chega-se à criação de códigos de notação que serão lidos, para serem decodificados pelo grupo, num processo sequencial que respeita níveis de percepção, cognição e consciência. Essa experiência pode levar à criação de partituras gráficas. Se o grupo criou e reconhece sinais específicos que correspondem aos diversos eventos sonoros, podem-se criar pequenas composições junto com as crianças. Um exemplo de atividade seria gravar sons, e colocá-los para que as crianças escutem, solicitando que percebam qual som é mais forte e qual é mais fraco. Então, criar junto com a turma um sinal que o represente, podendo ser uma cor ou um desenho. No momento em que estiverem cantando, essa representação será mostrada, e eles deverão segui-lo.

REFERÊNCIAS

http://books.google.com.br/books acesso em 12/02/2013
http://www.edukbr.com.br acesso em 08/02/2013
http://www.dicionariodoaurelio.com/Grafia.html acesso em 14/02/2013
http://greciantiga.org/lit/lit05c.asp. acesso em 30/01/2013
http://pt.wikipedia.org acesso em 30/01/2013
http://pt.wikibooks.org/wiki/Teoria_musical acesso em 10/02/2013
CANDÉ, Roland de. História Universal da Música. São Paulo: Martins Fontes, 1994 TESTOR, Suzana Perez. LEITA, Maria Eugenia Arus. ACEITUNO, Luiz Martinez . Música para crianças. São Paulo: Ciranda Cultural. 2010

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